Estudo bíblico sobre salvação- Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça

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Estudo bíblico sobre salvação- Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça


Estudos Bíblicos - PARTE 01 Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça

11. A Verdadeira Justiça
Ouvistes . . . eu, porém, vos digo" (Mateus 5:21-22). Com este tão repetido contraste batendo uma forte cadência, Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça. Mas não foi um sermão pregado no vazio. O problema da justiça farisaica tinha sido levantado abertamente e agora este pernicioso sistema será destruído metodicamente pelas penetrantes e autoritárias observações do Senhor. Não foi demasiada devoção à lei que provocou o devastador ataque de Jesus aos fariseus, mas pouca devoção. Com hipocrisia arrogante eles haviam produzido uma paródia vazia da lei de Deus. Jesus rejeita essa ilusão e a expõe tal como é, à luz da verdadeira e imutável justiça de Deus.
Estudos Bíblicos -Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça
Se, como alguns supõem, Jesus estava, aqui, citando as Escrituras do Velho Testamento, ele fez uma abordagem diferente da que usou nas outras vezes. Em nenhuma outra ocasião ele apresenta as Escrituras com "Ouvistes o que foi dito aos antigos". Antes, quando foi tentado por Satanás no deserto, Jesus apresentou três passagens do Deuteronômio, com as palavras "está escrito" (Mateus 4:5,7,10). Ele usou a mesma forma em Mateus 11:10 e 21:13. Em outras instâncias o Senhor indicou o escritor que ele estava citando (Mateus 12:17; 13:14,35; 15:7; 21:4; 22:43) ou simplesmente citou "as escrituras" (21:42). O tratamento diferente em Mateus 5:21-48 é muito marcante para ser ignorado. Aqui Jesus está citando, não as Escrituras, mas "a tradição dos antigos" (Marcos 7:5).

O contexto desta parte do sermão do Senhor aponta na mesma direção. Jesus insistiu em expressar sua reverência pela lei e os profetas (5:17-19). É razoável pensar que ele se voltaria para desfechar um ataque fulminante contra aquela lei? A preocupação imediata do pregador, quando ele começa esta parte do seu discurso, é a falsa justiça dos fariseus (verso 20) e este é o problema com o qual ele lida nos versículos subseqüentes (21-48).

O contraste sendo traçado nesses versículos não é entre a lei de Moisés e a lei de Cristo. É, antes, um contraste entre a corrupção farisaica do Velho Testamento e a verdadeira justiça que foi antecipada na lei e levada à sua plenitude em Cristo. Como observamos antes, os ensinamentos éticos de Jesus não representam um afastamento radical da ética do Velho Testamento. Os mandamentos funda-mentais da lei, amar a Deus supremamente e o próximo como a si mesmo (Deuteronômio 6:5; Levítico 19:18), são tomados pelo Senhor como o baluarte de seus próprios ensinamentos (Mateus 7:12; 22:34-40). Os princípios éticos do Velho Testamento não eram ordenações superficiais que governaram o músculo mas não a mente. O décimo mandamento do Decálogo apresenta-se diretamente à mente e ao coração (Êxodo 20:17). E quem poderia ler esta velha aliança judaica e imaginar que o Deus que falou no monte Sinai haveria de permitir a seu povo odiar, desde que não matasse, ou a concupiscência, desde que não consumada? Se foi ele que disse "Não aborrecerás teu irmão no seu íntimo" (Levítico 19:17) e "Não cobiçarás a mulher do teu próximo (Deuteronômio 5:21).


Estudos Bíblicos - PARTE 02 Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça
A lei de Moisés, em sua essência, refletia as verdadeiras exigências éticas de Deus. Enquanto é verdade que a lei fez concessões à "dureza de coração" de Israel (Mateus 19:8; Marcos 10:5) e conteve muitas "ordenanças da carne" (Hebreus 9:10), mesmo assim, em seu coração, como Paulo afirmou, "a lei é espiritual" (Romanos 7:14) "e o mandamento, santo e justo e bom" (Romanos 7:12).

As exigências éticas do Sermão da Montanha são, simplesmente, a flor que desabrochou do botão do Velho Testamento. Enquanto é verdade que a graça e a plenitude da verdade vieram por meio de Jesus Cristo (João 1:17), é também certo que havia verdade ética e espiritual na lei e uma clara antecipação da graça por vir (Gálatas 3:8).

Então, se é acurado dizer que Jesus está expondo as perversões farisaicas da lei, não é acurado dizer que Jesus não faz mais do que dar uma correta exposição da ética do Velho Testamento. Jesus ancora, nitidamente, seu ensinamento ético na ética da lei, mas não se detém aí. Ele prossegue, para expandi-la na lei do reino do céu.

O alvo do reino é a justiça de Deus (Mateus 5:48; 6:33). Com o propósito de conduzir seus ouvintes a um entendimento desta ordem moral e espiritual das coisas, Jesus começa com os mais óbvios imperativos morais do que significa amar aos outros (5:21-48). Há um plano ascendente nestes versículos. O Senhor começa numa nota negativa: com a proibição que mais se recomenda aos homens, mesmo nas mais baixas condições: "Não matarás." Quando o capítulo termina, ele alçou à mais positiva e desafiadora exigência do amor, não o amor como os homens o conhecem, mas o amor como Deus, em sua santa perfeição, o demonstra.

Estes versículos não são confortáveis de ler e são, freqüentemente, desafiantes ao entendimento, mas o estudante tem sempre que ter em mente que, abaixo de todas essas instruções, está o segundo dos grandes mandamentos, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Em termos tanto prático como objetivo estamos agora para ser confrontados com o que significa ser um cidadão do reino do céu.


12. "Todo Aquele que se Irar Contra seu Irmão . . ."

Esta parte do sermão (Mateus 5:21-48) começa com uma consideração de como o cidadão do reino tem que lidar com sua própria inclinação para o mal e, então, fecha (versículos 38-48) com um estudo de como ele tem que enfrentar o mal dos outros.

Há, nestas passagens, a descrição de um tipo radical de amor. Se ela nos surpreende, a nós que estamos deste lado da cruz, que tranco ela deve ter dado naqueles que a ouviram pela primeira vez antes dos impensáveis eventos do Calvário! Ainda que só antecipado no proeminente discurso de Jesus, parece evidente que o radical amor de Deus pelos homens, em Cristo, haveria de ser o fundamento indispensável para uma tão santa e desinteressada devoção pelos outros. Como a mulher cuja pródiga expressão de amor chocou o anfitrião fariseu do Senhor (Lucas 7:36-50), amamos muito porque fomos muito perdoados. O amor radical de Deus por nós libera dentro de nós uma capacidade radical de boa vontade para com os outros. E a natureza desse amor, como o de nosso Senhor, deve ser sacrifical (Mateus 16:24-25). Como Jesus se esgotou por nós, assim temos que esgotar-nos por outros (Filipenses 2:1-8).

Mas por que todos estes pormenores? Por que não emitir a simples instrução para amar o próximo como a si mesmo, e pronto? Porque todos somos demais carecidos de entendimento de nossos próprios maiores interesses e, conseqüentemente, os dos outros. Um bêbedo, praticando o "amor ao próximo", poderia dar ao seu companheiro beberrão mais trago de uísque. Thomas Harris levanta este problema, muito diferentemente, em seu livro Eu Estou Ótimo, Você Está Ótimo: "A Regra de Ouro não é um guia adequado, não porque o ideal seja errado, mas porque muitas pessoas não têm dados suficientes sobre o que eles querem para si, ou porque o querem." Os dados faltantes são providos pelos ensinamentos de Cristo e seus apóstolos. Suas instruções preenchem os detalhes práticos do que significa amar a Deus e trabalhar pelo real e melhor interesse das outras pessoas. Estas informações não provêm de nossos desorientados desejos e julgamentos, como Harris e os adherentes da filosofia da "ética da situação" sugerem, mas da divina sabedoria de Deus. Não pode ser de outro modo. De nosso bem restrito ponto de vista humano, é nitidamente impossível conhecer todas as implicações de nosso comportamento, ainda mesmo quando bem intencionado. Deus informa e guia nosso amor com sua instrução moral. Como João observa: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos" (1 João 5:2).

Os fariseus estavam sempre inclinados a abaixar o nível moral e espiritual da lei e a aumentar a exigência cerimonial. Jesus começa este trecho com perfeito exemplo da tendência farisaica a reduzir a lei. "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento" (5:21). A perturbadora coisa a respeito destas citações é que, às vezes, parecem exatas citações da lei. "Não matarás" sai diretamente de Êxodo 20:13 e Deuteronômio 5:17. O "julgamento", da segunda citação, se refere ao conselho local ou tribunal e, ainda que a citação não seja uma citação exata da lei, ela reflete acuradamente as palavras de Números 35:30-31. E contudo, nas mãos dos fariseus, estas palavras não eram a lei, mas idéias tiradas da lei e pervertidas. A preocupação dos pelegos da instituição era que ninguém poderia cometer um ato que derrubasse uma penalidade civil. Os únicos crimes que perturbavam a consciência deles eram aqueles que podiam ser tratados por tribunais humanos. Eles estavam profundamente perturbados pelo homicídio, mas ódio e malícia não lhes causavam nenhuma consternação séria. Abusivas como fossem suas maneiras para com os outros, desde que não houvesse culpa por sangue, eles se sentiam justos perante a lei.

A resposta de Jesus (5:22) se acomoda com a fixação deles nas penalidades civis. A verdade é, ele diz, que o homem que abriga ira contra seu irmão está em perigo do tribunal local. João, mais tarde, refletiu este conceito em sua memorável afirmação: "Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino" (1 João 3:15).

Tendo abordado o problema do coração, Jesus estende sua aplicação à língua. Não somente os amargos sentimentos põem a pessoa em perigo, mas assim também o faz o abuso desdenhoso que eles estão dispostos a promover. Quantos corações têm sido brutalizados por palavras que cortam como floretes! Às vezes, o assassinato seria mais humano do que essas atrocidades verbais! Atacamos as pessoas com o máximo desdém e as deixamos, como pretendíamos, prostradas. Para isto, o Senhor advertiu, ficaremos "sujeito a julgamento do tribunal" (uma provável referência ao Sinédrio) ou, mais corretamente, "ao inferno de fogo." É evidente que o uso que o Senhor faz aqui de "julgamento" e "conselho" é uma acomodação. As cortes civis não podem tratar de pensamentos perversos, mas o tribunal a que Jesus se refere pode lançar o infrator no inferno (Mateus 10:28).

Nossa reação juvenil a este ensinamento nos dispôs a chamarmos um homem de qualquer coisa exceto sensato, e a evitar chamá-lo de "tolo", a todo custo. Os fariseus haveriam de apreciar muito esta interpretação!
O problema do assassinato tem que ser atacado na fonte. Tanto o coração, como a língua, bem como a mão, tem que ser lavados da brutalidade do ódio. A lei ensinou isto (Levítico 19:17), mas os fariseus, na sua ânsia de obter justiça barata, conseguiram negligenciar. O Senhor não pretende que esqueçamos.



13. "Vai Primeiro Reconciliar-te com teu Irmão"

"Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão" (Mateus 5:24). Jesus começou este trecho de seu sermão com uma série de advertências sobre o julgamento severo destinado a cair sobre aqueles que permitem que sua ira se manifeste em odienta ofensa verbal de outros, e continua seu tema delineando o único modo de fuga para tais transgressores da lei do amor ao semelhante (5:23-26).

O que Jesus requer de nós, quando pecamos deste modo, é o que a maioria dos homens parece temer mais intensamente; ele exige que enfrentemos e corrijamos o problema com nossa vítima. O contexto indica que o irmão que "tem alguma coisa contra ti" não é só alguém que está descontente, mas alguém a quem na verdade causamos dano. Neste caso, o adorador é culpado, não somente mal-entendido. Outros versículos confirmam este significado (Marcos 11:25). O que faz a oferta precisa arrepender-se e procurar o perdão de seu irmão prejudicado. A prontidão com que a parte culpada deve agir, interrompendo o sacrifício bem no meio, reflete a urgência da situação e dá ênfase a como o mau trato dos outros nega a adoração a Deus. As Escrituras estão cheias deste princípio (Salmo 66:18; Tiago 3:9-10; 1 João 4:20-21). A ofensa a outros serve para fechar a porta do céu contra nós.

Enquanto o secularista pendeu para tratar a adoração com certa medida de desprezo, enquanto ele dá ênfase à justa conduta para com os outros, muitos religionistas tentaram, historicamente, usar a adoração como uma cobertura para o fracasso moral. Este foi um jeito especial dos fariseus que procuravam expiar por zelosa cerimônia sua ofensa aos homens (Mateus 23:23-24). Mas os fariseus não deram origem a esta vista esguelhada das coisas. Muitos séculos antes, Amós tinha advertido os presunçosos cidadãos de Samaria que Deus tinha se fartado da sua pretenciosa adoração. O que o Senhor queria, disse o profeta fazendeiro, era o juízo e a justiça (5:21-24). Jeremias, cem anos mais tarde, tinha ecoado o mesmo tema em Jerusalém (7:21-23). Jesus experimentou ensinar aos fariseus a lição dos profetas. Ele os remeteu mais de uma vez às palavras de Oséias: "Misericórdia quero, e não holocaustos" (Mateus 9:13; 12:7). O Senhor teve pouco sucesso em seu empenho, mas sempre foram poucos, como o escriba que observou que amar a Deus com todo o coração e o próximo como a si mesmo excedia "todos os holocaustos e sacrifícios" (Marcos 12:32-33). Jesus disse que ele não estava longe do reino.

Então, qual é a lição aqui? Quando pecamos contra outro, a necessidade não é de mais comparecimento às assembleias de adoração ou maior liberalidade nas coletas dominicais ou evangelismo pessoal mais animado, ainda que estas coisas podem, em geral, ser tratadas mais seriamente por todos nós. A necessidade urgente da hora é de arrependimento e reconciliação com nosso irmão ou irmã ofendido. (Esposos e esposas, especialmente, necessitam de ouvir isto. Lembrem-se de que esposos e esposas e filhos também são "próximos"). Davi abordou este assunto no caso de seu próprio doloroso fracasso moral, com Bate-Seba e Urias: "Pois não te comprazes em sacrifícios, do contrário eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus" (Salmo 51:16-17). Não tente oferecer a Deus adoração quando o arrependimento é exigido.

Precisamos aprender a abordar nosso pecado e aqueles contra quem pecamos com retidão. "Fui injusto com você; por favor, perdoe-me" são as palavras que não se têm tornado mais fáceis de dizer com o passar dos anos, mas são aquelas que pessoas com nossos imperfeitos antecedentes têm que aprender a dizer com o coração. De outra maneira, não há esperança. Os relacionamentos humanos serão despedaçados e nossa ligação com Deus será, simplesmente, terminada.

É impossível estimar bem quantos dos discípulos do Senhor, hoje em dia, estão se destruindo porque lhes falta ou a humildade ou a coragem para se arrependerem dos pecados contra os outros e procurar seu perdão. O sombrio segredo de sua culpa permanece como alguma pedra maciça em seus corações, invalidando a adoração e sugando a vida espiritual deles (Salmo 32:3-4). Se é o caso com você, deixe de desfilar o cadáver em assembléias de adoração. Dê fim à auto-defesa e à auto-justificação. Vá rapidamente reconciliar-se com aquele que você ofendeu. A dor do arrependimento será, na verdade, pequena, se comparada com a agonia da culpa contínua e da alienação.

"Entra em acordo sem demora com o teu adversário" (Mateus 5:25). Tirando ainda proveito da estrita preocupação dos fariseus com as penalidades civis, Jesus continua a insistir na metáfora do tribunal civil. Entender isto como um mero conselho prudente para acertar "fora do tribunal" de modo a escapar dos caprichos dos juízes corruptos, seria não só tornar sem significado as palavras do Senhor, mas também pô-las em desacordo com o seu contexto. Jesus está ainda tratando do assunto dos pecados contra os outros. O "adversário" não é aquele que fez alguma acusação sem base contra você, mas alguém a quem você ofendeu, defraudou ou difamou e cuja causa é justa. O orgulho pode aconselhar você a permanecer endurecido, mas Jesus insiste numa rápida reconciliação, em vista de um julgamento divino que será executado sem misericórdia (versículo 26). É exatamente este tipo de julgamento que os homens pecadores não podem suportar. É melhor que procuremos a misericórdia apressadamente enquanto a oportunidade está aberta para nós. Até mesmo a clemência divina tem seus limites.



14. Adultério no Coração

"Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela" (Mateus 5:28). Estas são palavras radicais e mesmo cidadãos do reino têm que lutar para não resistir. Sua severa sondagem do coração causa dor quando o Filho de Deus toca nos nervos expostos de nossas moléstias morais. Jesus, tendo tratado do problema do ódio e da malícia, agora volta-se para o problema da concupiscência. Os fariseus tinham, certamente, tratado do problema do adultério, mas só superficialmente. Sua preocupação era evitar uma ofensa capital (Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22). Pode-se quase ouvir a maneira em que eles diziam: "Não cometerás adultério" (Êxodo 20:14). Jesus, em contraste, segue as pegadas do pecado do adultério até o seu covil (Mateus 15:19). Assim como ódio no coração é assassinato, assim é adultério a concupiscência desenfreada no coração.

O princípio não era obscurecer parte da aliança mosaica. O décimo mandamento dizia incisivamente: "Não cobiçarás a mulher do teu próximo" (Êxodo 20:17). Paulo, quando ainda um estranho ao evangelho, e um fariseu, tinha sido severamente penetrado por este mandamento (Romanos 7:7). Até Jó, um homem que, aparentemente, viveu antes da lei, entendeu esta verdade ética. "Fiz aliança com meus olhos" ele disse, "Como, pois, os fixaria eu numa donzela?" (Jó 31:1).

Ainda que alguma aplicação mais ampla desta passagem possa ser feita ao desejo carnal cru e sem princípios, que alguém solteiro possa abrigar por alguém semelhantemente descomprometido, o uso que Jesus faz da palavra "adultério" torna claro que sua preocupação presente é com aquele desejo ilícito que viola o próprio espírito da aliança do casamento (2 Coríntios 11:2-3). A preocupação do Senhor, em todo este trecho, é com o nosso dever de amar os outros. Nenhuma pessoa casada pode fazer justiça ao seu companheiro enquanto entregue a incontido desejo por outro. Ainda que seja um assunto da mente, ele é chamado pelo seu nome: pecado.

O Senhor não está tratando aqui da mera passagem momentânea de um desejo pela mente; se assim fosse, não haveria distinção entre tentação e pecado. (Não deveríamos ficar horrorizados pela sugestão de que a concupiscência da carne possa ter feito sua aproximação da mente de nosso Salvador, enquanto ele permaneceu sem pecado, Hebreus 4:15). As palavras "olhar para uma mulher com intenção impura" nos ajuda a entender a exata natureza da transgressão. Isto não é um pensamento fugaz, mas a concentração da mente, com o propósito de cobiçar. O texto grego descreve a pessoa que dirige seus pensamentos ou volta sua mente para uma coisa; neste caso, cobiçar uma mulher (ou um homem). Obviamente, não olhamos para tudo que vemos. O olho abrange um vasto panorama e é deixado para a mente focalizar a atenção. O pecado de Davi não estava em ver Bate-Seba despida, mas em olhar para ela, pondo em mente e, finalmente, na sua desenfreada concupiscência (2 Samuel 11:2-5). Davi queria a oportunidade para possuir Bate-Seba e a encontrou. Sua violação de Êxodo 20:17 não seria menor se essa oportunidade jamais se tivesse apresentado.

Ainda que a palavra portuguesa "concupiscência" denote acuradamente os matizes sensuais do verbo grego (epithumeo), pode-lhe faltar o pensamento concomitante de posse que é inerente a ela. O pecado sendo descrito por Jesus é o cultivo calculado do desejo de possuir alguém a quem não se tem direito. Se é para se fugir deste pecado, a própria aproximação primeira de tais pensamentos tem que ser rejeitada, antes que eles se apoderem da mente e da vontade. Na linguagem do velho provérbio: "Não se pode evitar que os pássaros voem sobre nossas cabeças, mas pode-se evitar que façam ninho em nosso cabelo." Se encontramos dificuldade em distinguir entre tentação e pecado, neste caso é muito mais sábio errar para o lado da precaução do que para o lado da imprudência.

A guerra do cidadão do reino com a concupiscência nestes tempos é destinada a ser uma luta severa e dura. Não vamos escapar facilmente do pântano da lascívia, fornicação e adultério que caiu sobre esta geração. Que nenhum discípulo tenha esta pretensão (1 Coríntios 10:12). Não há restrições sociais nas quais se possa apoiar. Nossa força e defesa tem que residir, integralmente, em nossa profunda e inabalável resolução de manter-nos puros, pelo Senhor. Na análise final, esta é onde o assunto de nossa fidelidade no reino tem sido sempre decidido. "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida" (Provérbios 4:23).

Estudos Bíblicos - PARTE 02 Jesus abre o coração do seu discurso sobre a verdadeira justiça




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