Diante da contundente afirmação do Senhor Jesus, de que “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz”, Pilatos ironizou: “Que é a verdade?” (Jo 18.37,38). Ainda hoje essa pergunta continua sem resposta para aqueles que não receberam a Jesus como Senhor e Salvador ou não obedecem, de fato, à sua Palavra. Mas aos servos de Cristo a recomendação é: “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (Ef 6.14).
Ironicamente, Pilatos esteve face a face com a Verdade (Jo 14.6) e não percebeu. E é isso que tem acontecido neste início de milênio. A geração pós-moderna está na mesma posição. Muitos estão diante da Verdade, mas continuam seguindo pelo caminho do erro, da mentira, inclusive no meio evangélico.
Por que há cristãos que ainda se deixam enganar por pretensos profetas de Deus que dizem na TV que será liberada uma unção financeira sobre a vida de quem contribuir com R$ 900,00, usando como argumento “bíblico” o fato de estarmos em 2009, e o número 9 significar, supostamente, completo? Porque os tais cristãos (que ainda não seguem a Cristo, verdadeiramente) não estão cingidos com a Verdade.
O que significa estar cingido com a Verdade?
Uma vez que os lombos estão na parte central do corpo humano, significa priorizar a Verdade, considerando-a fundamental e inegociável. Observe que João Batista não se notabilizou como propagador de prognósticos ou sinais miraculosos. Não! Ele ganhou notoriedade em razão do que está escrito em João 10.41: “Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste [Jesus] era verdade”.
Estar com os lombos cingidos com a Verdade é estar no que é Verdadeiro (1 Jo 5.20). Implica seguir a Cristo, a Palavra de Deus viva (Jo 1.1), e obedecer às Escrituras, a Palavra de Deus escrita (Jo 14.23). Como disse o próprio Verbo de Deus, orando ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). E a Verdade é a Verdade, mesmo que ninguém acredite nEla, enquanto a falsidade é a falsidade, ainda que todos a sigam. Por isso, o Senhor disse que largo é o caminho que conduz a perdição (Mt 7.13,14). A Verdade não se rende a opinião, moda, números... Ela simplesmente é a Verdade.
Por que muitos, inclusive cristãos (cristãos?), não encontram a Verdade? Porque buscam uma verdade que funcione (pragmatismo), uma verdade pela qual sintam ou experimentem que estão certos (subjetivismo), uma verdade individualista — a “minha verdade” (relativismo) —, ou uma verdade que massageie os seus egos (egocentrismo). Mas não reconhecem que Cristo é a Verdade!
Não afrouxe o cinto da Verdade!
Quando o Senhor andou na terra, deparou-se com religiosos judeus que até estudavam as Escrituras, a ponto de Ele mesmo ter reconhecido: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (Jo 5.39 — observe que aqui não temos um mandamento para examinarmos as Escrituras, como muitos pensam, e sim uma afirmação de que os tais religiosos examinavam a Lei e os Profetas). No entanto, aqueles intelectuais não conheciam, de fato, a Verdade (Cristo). Veja o que Jesus disse a eles: “E não quereis vir a mim para terdes vida” (v.40).
Se você conhece bem uma cédula de R$ 100,00, não aceitará uma falsa. De imediato, perceberá que alguma coisa está errada: a textura ou a gramatura do papel, a marca dágua, as assinaturas, os caracteres, os desenhos, etc. Da mesma forma, quanto mais conhecemos a Verdade, tanto mais nos afastamos da falsidade, da mentira “apostólica”, da falsificação “profética”, que hoje dominam boa parte dos telepregadores da América do Norte e também do Brasil. Eles não querem pregar a Verdade, pois esta não lhes traz resultados financeiros. E, por isso, têm preferido enganar os estão com o cinto da Verdade afrouxado, solto.
Conclusão
Nos tempos bíblicos, os soldados sabiam que o cinto devia estar bem apertado junto ao corpo. Por quê? Porque ele era usado para segurar as armas. Daí o apóstolo Paulo ter usado essa figura, ao discorrer sobre a armadura de Deus (Ef 6.10-18). Não afrouxe o cinto da Verdade nesses tempos em que a mentira é propagada com eloquência e em tom profético por telenganadores cujo deus é a avareza (2 Pe 2.1-3).
Quem viaja com frequência de avião já está acostumado com este alerta: “O cinto de segurança deverá permanecer afivelado até que o aviso de desatar cinto seja desligado”. Nós ainda estamos “viajando” rumo ao Céu. Não é o momento de desatarmos ou afrouxarmos o cinto, a fim de que vençamos as turbulências desta vida e cheguemos à nossa Cidade (Fp 3.13-21). Permaneça em Cristo, com os seus lombos cingidos com a Verdade (1 Pe 2.11).
Finalmente, aperte o cinto também para não perder dinheiro! Nesses tempos de crise, os telenganadores estão de olho no seu bolso...
Ciro Sanches Zibordi
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