O rebanho de Deus
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O pastor tinha que providenciar para as ovelhas tudo que elas não podiam providenciar para si mesmas. Ele procurava pastos verdes onde pudessem encontrar comida (1 Crônicas 4:39-40) e as conduzia gentilmente para lá, sempre cuidadoso com as que estavam com filhotes (Isaías 40:11). Ele as protegia até com sua própria vida. O jovem Davi relatou a Saúl como tinha arrancado um cordeiro da boca de um leão e tinha matado tanto leões como ursos (1 Samuel 17).
Dando tanto de si mesmos ao cuidado das ovelhas e estando tão freqüentemente sem companhia humana, o pastor desenvolvia uma íntima amizade com as ovelhas. Ele dava um nome a cada uma; as ovelhas conheciam sua voz e vinham quando ele as chamava (João 10:3-4). Ele as contava todas as noites para ter certeza de que estavam todas a salvo no aprisco (Jeremias 33:13). Se ao menos uma estivesse faltando, ele esquadrinhava o campo para encontrá-la (Lucas 15:4).
O desamparo das ovelhas, sua total dependência do pastor e do amor dele por elas tornavam esta relação uma das mais finas e a figura da relação de Deus com seu povo mais freqüentemente usada. Somos tão parecidos com ovelhas, que bênção é ter um Deus amoroso, que tudo conhece, todo poderoso e todo sábio como nosso pastor! Davi, o pastor, expressou isso tão lindamente naquelas palavras familiares: "O SENHOR é meu pastor; nada me faltará" (Salmo 23). Davi, contudo, não podia conhecer a absoluta perfeição do Divino Pastor como podemos, depois de tê-lo visto na cruz, entregando sua vida pelas ovelhas.
Proprietários de ovelhas algumas vezes tinham problemas quando o número delas ficava tão grande que já não podiam mais atendê-las pessoalmente. Afortunado, na verdade, era qualquer homem como Jessé, que tivesse um filho como Davi, que pudesse amar e cuidar das ovelhas como se fossem dele. Freqüentemente, as ovelhas tinham que ser divididas em rebanhos e deixadas sob os cuidados de empregados. Jesus explicou: "O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa" (João 10:12). Jesus estava realmente descrevendo os sacerdotes e mestres de Seu tempo que, como pastores de Israel, tinham mostrado uma total despreocupação com as ovelhas na sua perseguição egoísta de riqueza pessoal e glória.
Hoje em dia, cada congregação local é um rebanho de ovelhas de Deus. Os presbíteros são aqueles que estão encarregados: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho" (1 Pedro 5:2-3)
É freqüente demais o quadro que temos de presbíteros "dois ou três homens de pé num canto tomando decisões pela igreja" ou sentados em volta de uma mesa entrevistando um candidato a pregador ou trabalhando num orçamento. Muitas das nossas orações pedem que eles presidam bem (1 Timóteo 5:17), mas isto não é sua função maior. Os pastores tomam certas decisões e supervisionam o rebanho, mas a maior parte do seu tempo é gasto com as ovelhas, provendo suas necessidades e cuidando delas individualmente.
O "Supremo Pastor" tem todo direito a esperar que os pastores das igrejas locais reflitam Seu próprio amor e cuidado pelas ovelhas. Eles, também, precisam defender o rebanho (Tito 1:9-11); eles precisam alimentar as ovelhas labutando "na palavra e no ensino"(1 Timóteo 5:17); e precisam conduzir sendo exemplos para o rebanho (1 Pedro 5:3). Para cumprir tudo isto, eles precisam conhecer o rebanho, fazendo um esforço para conhecer cada ovelha pelo nome e ser conhecido por elas. Eles precisam contar o rebanho, não por orgulho, mas para saber exatamente quantas ovelhas estão sob sua responsabilidade. Se uma estiver faltando (não apenas à assembléia, mas à fidelidade diária), eles precisam estar prontos a ir e encontrá-la para que possam admoestar os insubmissos, consolar os desanimados, amparar os fracos, e ser longânimes para com todos (1 Tessalonicenses 5:14). Eles deverão estar dispostos a sacrificar até suas vidas.
Os pastores de um rebanho local têm que dar conta de cada ovelha (Hebreus 13:17). Considere o julgamento de Deus sobre os pastores de Israel: "Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! ... Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. ... as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque" (Ezequiel 34:2-6).
Considerando a temerosa inevitabilidade de tal relato, quem aspiraria ao episcopado? A resposta: somente aqueles que amam as ovelhas tão sinceramente que não podem suportar vê-las sem pastores. Estes são os únicos homens a quem Deus daria tal trabalho, e para eles é a promessa: "Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória" (1 Pedro 5:4)
por Sewell Hall
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