O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse neste domingo (30) no Rio de Janeiro que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou a ele que a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém era uma questão de "quando, não de se".
"Bolsonaro me disse que era questão de 'quando, não de se' ele vai transferir a embaixada para Jerusalém", disse Netanyahu durante reunião com líderes da comunidade judaica no Brasil, segundo a agência Reuters.
A mais recente declaração de Bolsonaro sobre a transferência da embaixada do país em Israel foi em entrevista ao pastor Silas Daniel. Na entrevista, divulgada no perfil oficial do presidente eleito no Twitter no último sábado (29), Bolsonaro disse que havia ameaças de boicote econômico ao Brasil caso o governo decida fazer a transferência. Na ocasião, ele afirmou estar avaliando a "melhor maneira" de resolver a questão.
Nas declarações dadas neste domingo, Netanyahu destacou a importância do Brasil no contexto regional.
"Atribuímos enorme importância ao Brasil no contexto da América Latina", acrescentou o premiê israelense. "Isso anuncia uma mudança histórica."
Encontro na sexta-feira
Netanyahu, que se encontrou com Bolsonaro na sexta (28), destacou que o brasileiro aceitou seu convite para visitar Israel, em uma viagem que deve acontecer em março. Ele é o primeiro primeiro-ministro israelense a visitar o Brasil.
Depois de conhecer o líder israelense, Bolsonaro disse que "precisamos de bons aliados, bons amigos, bons irmãos, como Benjamin Netanyahu".
Tal movimento de Bolsonaro seria uma mudança brusca na política externa brasileira, que tradicionalmente apoia uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
A mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém foi defendida por Bolsonaro durante a campanha e também depois de ser eleito.
O gesto, que reconhece Jerusalém como capital israelense, é polêmico. Palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado. A comunidade internacional, por sua vez, não reconhece a reivindicação israelense de Jerusalém como sua capital indivisível. Entenda o impasse.
Declarações anteriores
Em novembro, após declarações de Bolsonaro sobre a mudança da embaixada, surgiram comentários na política internacional de que países árabes, grandes importadores de carne do Brasil, poderiam retaliar o país caso a medida fosse concretizada.
"Conversei com o embaixador de Israel sobre isso. Conversei com o Ernesto Araújo [futuro ministro das Relações Internacionais]. Alguns países estão realmente ameaçando boicote a nossa economia caso isso [mudança da embaixada] se concretize. E nós estamos conversando a melhor maneira de decidir essa questão", afirmou Bolsonaro na entrevista divulgada no Twitter.
O presidente eleito disse ainda que cada país tem o direito de definir a própria capital. Afirmou também não ter nada contra o povo palestino.
"Quem decide qual vai ser a capital de seu país é seu Estado, não sou eu", afirmou. "Não temos nada contra o povo palestino, temos contra o governo, se é que posso falar governo, porque não é um país. Queremos respeitar a autonomia de todos os países, árabes, não árabes, todos. Cada país tem sua política", completou Bolsonaro.
O Brasil reconhece o Estado Palestino como país desde dezembro de 2010, após carta enviada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
A ONU também reconheceu a Palestina como um "Estado observador", após aprovação em Assembleia Geral em 2012, cuja capital seria Jerusalém Oriental. Os palestinos querem se estabelecer como um Estado soberano que ocupe a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Os territórios foram ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Encontro com Witzel
O governador eleito do RJ Wilson Witzel publicou em suas redes sociais imagens de seu encontro com o premiê israelense no Pão de Açúcar, na Zona Sul do Rio.
"Mostrar as maravilhas do Rio em um dia tão lindo reforça a necessidade de tratar o turismo como área estratégica. O turismo é o novo petróleo do Estado", escreveu Witzel.
Fonte: G1
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