O CRISTÃO PODE POSSUIR E PORTAR ARMA DE FOGO?

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O CRISTÃO PODE POSSUIR E PORTAR ARMA DE FOGO?


Em uma época de caos em que cidades e até Estados inteiros ficam à mercê de bandidos, centres sinceros levantam a pergunta honesta: Pode um cristão portar armas de fogo?

O porte de armas de fogo é um assunto polêmico e divisor da cristandade, e não pretendemos escrever um texto sobre direito. O que vamos elucidar neste texto são alguns fundamentos bíblicos e algumas ideias que ajudam a responder à pergunta: O cristão pode possuir armas de fogo?



Em primeiro lugar, precisamos entender passagens bíblicas que abordam diretamente sobre o assunto. Passagens que deixam claro a idéia de que um filho de Deus tem direito de proteger sua vida e a sua família; Em segundo lugar, sim a arma de fogo é um instrumento que dever ser usado como última linha de defesa. Se um ladrão invadir sua casa a bíblia nos ensina que proteger sua família e a si mesmo é defesa, e, portanto o uso de arma ferir o invasor e este morrer, você não será culpado pelo sangue. Pessoas matam pessoas, armas são ferramentas assim como facas e todos os objetos que perfuram.


Mas existe um argumento “bíblico” que sempre é usado para negar a defesa da vida. Mateus 5.39, Jesus disse que não devemos resistir aos perversos e se este bater (Rhapizo = insulto) na sua face direita ofereça a outra face. Mas isso pode realmente ser interpretado para negar a defesa da vida? Não creio! Neste texto está claro que Jesus não usa esse argumento como critério absoluto em todos os casos, e, bater na face significa tapa no rosto com o dorso da mão. Tapa no rosto não vai ferir de morte alguém, mas vai insultar. Matar por causa de um insulto é força excessiva e também um ato banal e por conseqüência a quebra do sexto mandamento.





Segundo o Dr. Wayne Grudem, este argumento não pode ser válido nem para governos e nem para defesa da vida, caso contrário teríamos que validar como critério absoluto Mateus 5.42 que diz: “Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pedir emprestado”. Grudem  continua: “Se este verso fosse um requisito absoluto, qualquer mendigo seria capaz de levar um cristão à falência ao que lhe pedir mais”.
Mas então, o que de fato diz o texto? O texto de Mateus 5  é o Sermão do Monte e especificamente Cristo está ensinando sobre ser paciente diante de uma injustiça, insulto. Cabe ao filho de Deus (vítima) não se vingar do insulto. A vingança pertence a Deus e ao Estado que é seu braço.

O reformador João Calvino foi lúcido quando interpretou este verso, ele disse: “Quando a injustiça lhes é feita (aqui ele fala dos crentes), ele (agora fala de Cristo) deseja que eles sejam treinados por esse exemplo à mansa submissão, para que pelo sofrimento eles possam aprender a ser pacientes” (John Calvin, “Harmony of Matthew, Mark and Luke” Calvin’s Commentaries. Baker.  p. 299).
Observe, dar a outra face é anular o sentimento de vingança, conter o revide. Mas o que não podemos é cair em paradoxos: O mesmo Jesus que ensinou o exercício da paciência é o mesmo Jesus que tirou a cinta e golpeou os comerciantes frente ao templo. Portanto, existem situações em que a defesa é bíblica e justa! O que temos que compreender é a diferença entre vingança e autodefesa!
Defender a vida, a família, a nação e os inocentes!
Autodefesa implica defender sua vida, sua família, sua propriedade e sua nação. Isso significa que no âmbito civil você tem o direito de possuir armas como instrumentos de defesa e não para conclusão de vingança. Ter arma é um direito que preserva a liberdade. Concordo com o Dr. Wayne Grudem quando ele afirma: “Uma perda gradativa da liberdade humana é uma perda gradativa de nossa vida”.
Mas o cristão não é um pacificador? Sim, o cristão é um pacificador, mas não é um pacifista que acredita que se defender com uma arma é errado. Ele deve fazer tudo para promover a paz e evitar os caminhos da utilização de armas e das guerras. Mas sua última linha de defesa para preservar sua família e sua propriedade e manutenção desta paz para nação (ou até mesmo da própria nação que pode se tornar tirânica) são as armas e as guerras.


Não podemos ser ingênuos a ponto de crer que no mundo só existem pessoas boas, bem intencionadas e que vivemos na “era de aquários” paz e amor e flores ao som de “Imagine” de John Lennon. Não é esta a nossa realidade, principalmente com a crescente violência nas ruas e com a ascensão do islã e das ideologias socialistas mundo a fora.

E a quebra do sexto Mandamento?
Se a Bíblia diz no sexto mandamento que não podemos matar, então o cristão não pode possuir armas de fogo? Não tem nada a ver uma coisa com outra. O Sexto Mandamento diz respeito a crime premeditado, com a intenção de matar, planejar, arquitetar. É fazer de forma engenhosa um plano para tirar a vida do outro.

A quebra do sexto mandamento também se aplica em casos de morte por banalidade, vingança, insulto. Vamos deixar claro isto! Moisés que recebeu os Dez Mandamentos no Sinai teria depois entrado em contradição? Não! Moisés deixou claro que a legítima defesa é Bíblica e necessária, veja: “Se o ladrão for achado roubando, e for ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue”; Êxodo 22,2.
É a premeditação, a intenção do coração que vai definir a quebra do sexto mandamento, como bem disse Jesus: “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento” (Mateus 5: 22).
Concordo com o Pr. Philip Graham Ryken quando diz: “O sexto mandamento proíbe é tirar a vida de forma injusta e banal”. Sim, aplica-se ao assassino a sangue frio, homicídio com raiva passional e homicídio culposo resultante de imprudência ou negligência. Por isso o mandamento teria uma melhor tradução se fosse: ‘Não matarás ilegalmente’. Claro que a versão tradutória de Êxodo 20.13 é ‘Loratzach’ que é ‘Não mate’! O mais próximo da tradução que elucidaria com clareza, seria: Não assassinarás. Tirada premeditada da vida imaculada – ou de um inimigo pessoal.
A legítima defesa tem um objetivo, a preservação da vida humana. Na última linha da defesa às vezes será necessário tirar a vida para salvar outra. Por isso, muitas vezes Deus ordenou que homens lutassem para proteger o povo ou livrar os seus inocentes dos inimigos. Dr. Norman Geisler no seu maravilhoso livro sobre Ética Cristã, esclarece bem este ponto. Ele escreve:

“A espada que foi dada a Noé foi usada por Abraão, quando ele engajou em uma guerra contra os reis que haviam cometido uma agressão contra seu sobrinho Ló’ (GN 14). Essa passagem indica a aprovação de Deus para realização de guerras, cuja finalidade era proteger o inocente de seus agressores’’.
Portanto, a quebra do sexto mandamento se aplica na banalidade, na intenção, na premeditação, jamais na defesa pessoal da família, defesa da propriedade – ou em defesa de inocentes – ou mesmo da nação.
E a posição do Novo Testamento em relação às armas?
Não existem muitas informações do mestre Jesus, mas há boas pistas! Vamos analisar alguns textos. Nosso primeiro texto no Novo Testamento é João 18.
“Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.
Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (João 18: 10,11).

Há algumas questões nestes versos que precisamos esclarecer:
Em primeiro lugar, Pedro andava armado, e sinceramente, não acho que Cristo não tenha percebido, já que a bainha ficava praticamente entre a cintura e o peitoral. Em segundo lugar, Pedro feriu de forma banal o servo do Sumo Sacerdote, já que Cristo estava sendo preso e não atacado. Em terceiro lugar, o Apóstolo Pedro andava armado, e o Senhor Jesus nunca pediu que ele jogasse a espada fora, quando Pedro atacou Malco, Jesus pediu que Pedro guardasse a espada. Em quarto lugar, Pedro cometeu um pecado tentando impedir o que Deus planejou para seu filho, a morte do cordeiro que aplacaria a ira divina contra os eleitos.
Portanto, se Jesus fosse um pacifista (diferente de ser pacificador) ele teria proibido o uso de armas desde o início da caminhada com os discípulos. Mas, mesmo Pedro ferindo um oponente, Jesus não pediu que ele jogasse fora a espada. É uma pista clara que o uso de espadas era comum entre os discípulos.
Nosso segundo texto vai nos fornecer mais pistas:

“Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a” (Lucas 22:36-38).
Este texto de Lucas tem duas interpretações:

Interpretação número 1: O texto pode ser uma analogia feita por Jesus para ensinar que os discípulos não teriam vida fácil depois de sua morte. O termo espada não é literal. E por isso no verso 38, Jesus ficou irritado por suas palavras não compreendidas e disse: Basta!

Interpretação número 2: O texto de Lucas 22.36-38 revela os instantes finais da jornada do Cristo com seus discípulos, nestes instantes finais Jesus está prestes a ser preso e por isso ele está preocupado não com ele, mas com os discípulos que não teriam vida fácil, seriam perseguidos de morte e, portanto, ele recomenda que compre espadas. Quando os discípulos mostraram as espadas, Jesus disse: Basta, no sentido de suficiência!

Eu creio que a interpretação de número 1 não se sustenta. É pouco provável! Em primeiro lugar, é fato que alguns dos discípulos andavam armados (Pedro sustenta essa tese) e este fato fortalece a ideia do texto de que Jesus estava realmente recomendando a compra de espadas para os outros que não usavam.
Em segundo Lugar, Jesus não recomendaria a venda da capa para compra de duas espadas se não fosse literalmente. O substantivo espada não é regido pelo verbo ter. Ele fica isolado na frase, O significado é: Aquele que não tem uma bolsa ou documento (e está, portanto, sem dinheiro) que venda a sua veste e compre uma espada.
Em terceiro lugar, a tensão do texto revela os instantes finais e os perigos que cercam os discípulos. A tensão exige autodefesa para os discípulos. A ideia de que Jesus recomenda a proteção aos seus é gritante neste texto.
Em quarto lugar, O termo “basta” no verso 38 tem algumas interpretações forçadas sobre este termo para sustentar a idéia de que Jesus disse aos discípulos, alguma coisa como: “Vocês não me entenderam, basta!” Esse é um argumento que não se sustenta, pois a palavra grega para basta é “ikanón”, que significa literalmente “é o bastante”, e se refere à quantia de dinheiro que tinha que ser paga para alguém que fosse solto da prisão – ou pagar uma quantidade de dinheiro exigida.

Está claro que Jesus está afirmando que a quantia paga pelas duas espadas era suficiente: Não precisa gastar mais dinheiro, pelo preço que foi pago as duas espadas já é suficiente.
O Cristão pode possuir e portar armas de fogo?
Antes de responder esta pergunta é necessário esclarecer que minha posição defende a ideia de que a arma seja obtida pelo rigor da lei. Mas neste país o governo não respeita a lei e muito menos a vontade do povo. Em 2005 foi realizado um referendo que pedia a posição do povo brasileiro sobre o tema comércio de armas. A pergunta era muito simples: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?” Os eleitores puderam optar pela resposta “sim” ou “não”, pelo voto em branco ou pelo voto nulo. O resultado final foi de 59.109.265 votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo “sim” (36,06%). Foi uma vitória esmagadora do povo, que por sinal deseja seu direito de portar e possuir armas, respeitado.

A resposta da pergunta inicial é muito simples: Com ficha limpa e seguindo todos os critérios estabelecidos por nossa Constituição Federal, sim, o cristão pode e tem todo o direito de promover sua segurança pessoal, da sua família e da sua propriedade usando como última linha de defesa arma de fogo. O Estado não tem competência para garantir segurança de cada cidadão deste país, o Estado não é onipresente, não consegue lidar com a violência neste país. O livro “mentiram para mim sobre o desarmamento”’ do Flávio Quintela e Bene Barbosa apresenta um quadro real do fracasso do Estatuto do desarmamento, veja:


             Número Total de Homicídios no Brasil
2003
                                51.043 (Gestão) presidente Lula
2004

                                48.374 (Estatuto entra em vigor)
2005
                                47.578 (Referendo de 2005)
2006

                                49.145
2007
                                47.707
2008
                                50.113
2009
                                51.424 

2010
                                52.257
2011
                                52.197
2012
                                56.337


O quadro revela que o estatuto entrou em vigor em 2004, que inicialmente diminuiu pouco a violência. Mas fracassou com o passar dos anos. Portanto, desarmar a população de bem não resolveu o problema, pelo contrário, aumentou a violência! Estima-se que em 2016 os índices de violência podem ter chegado a mais de 60 mil homicídios. E Bene Barbosa conclui:
“Na verdade esta é uma tarefa impossível, pois o estatuto não mudou o perfil criminal do Brasil, e não gerou resultados positivos nos índices de crimes violentos. Mas com certeza gerou incômodos a muitos cidadãos de bem que possuíam uma arma em casa”.
O Estatuto do Desarmamento não somente deixou o cidadão de bem inseguro, como ajudou aumentar a violência no país. O Bene Barbosa que tem lutado pelo fim deste estatuto é inclusive Presidente do Conselho de Administração na empresa Movimento Viva Brasil, uma empresa que luta pelo brasileiro de bem ter seu direito respeitado. Claro, o cidadão também tem sua escolha de não querer e inclusive discordar. Mas não pode contribuir com o governo para negar o direito do outro que deseja ter seu porte e posse de arma.
E os pastores? Estes devem respeitar a Constituição Federal, mas antes de tudo devem obedecer à lei de Deus: “Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5.29).

Não podemos desejar nossa segurança e restringir para o próximo, pois isso é hipocrisia! Amar o próximo como a si mesmo é também desejar que ele não seja atingido por essa violência descontrolada. O especialista em violência e escritor Norte americano John Lott Jr., no seu livro “Preconceito Contras as Armas”, nos aconselha sobre a questão: “Ao desarmar os cidadãos obedientes à lei, os controles sobre armas têm colocado o povo em perigo”.
Uma das “grandes vozes” do mundo evangélico se chama Pr. Silas Malafaia. Silas se posicionou de forma contraditória sobre o tema Estatuto do Desarmamento. Silas é contra o cidadão de bem, ficha limpa ter seu direito respeitado pela decisão do referendo de 2005. Mas o mesmo pastor defende (inclusive usando a Bíblia e a história de Neemias e seus seguranças) a ideia de ter seguranças armados o protegendo. E ainda manda um recado para quem quiser tentar contra vida dele. Veja o primeiro vídeo:

Agora vem a contradição! Ele é contra ao cidadão ter o direito de ter uma arma segundo as leis do país e ainda se revela ignorante a respeito da PL 3722/12. A PL 3722/12 é um Projeto de Lei que tem como objetivo estabelecer uma nova regulamentação para a aquisição, a posse, a circulação e o porte de armas no Brasil. Silas deseja segurança para ele e tem muitos recursos para isso. Mas nem todo cidadão tem o poder financeiro e o prestigio do Silas Malafaia. Veja a contradição:
A quem interessa o desarmamento?
Em primeiro lugar, o estatuto interessa ao Estado. O Estado não confia no seu povo e tem cada pessoa potencialmente como um futuro criminoso. O Estado quer agigantar-se e controlar seu povo. Concordo com Benjamin Franklin quando disse: “Quando todas as armas forem de propriedade do governo, este decidirá de que são as outras propriedades”.
Em segundo lugar, interessa aos partidos políticos de ideologia socialista. Estes gostam de desarmar o povo! Hitler, Mao, Fidel, Lênin e Stalin, Mussolini, todos estes ditadores socialistas desarmaram a população e estabeleceram regimes totalitários! E com o povo desarmado o resultado sempre é genocídio, holocausto, barbárie!
Greg Foste professor americano que é especialista em história da teoria dos governos, afirma: “Governos tiranos não são, na verdade, governos verdadeiros, mas gangues criminosas que se fazem passar por governos e, portanto, não tem o direito à obediência”.

Pense comigo: Na sua última linha de defesa, como a população enfrentaria um governo tirano e genocida? Com vassouras? Cantando em coral a musica Imagine de John Lennon e pedindo paz e amor?

Sim, o cristão defende a liberdade do cidadão. Um dos motivos do cristianismo ser tão odiado é sua defesa a liberdade, insistir durante séculos nos direitos universais do ser humano – tanto de cristãos como de todos. A liberdade de pensamento e o espaço de cada um deve ser respeitado, e cabe à Igreja o papel de influenciar a sociedade com o evangelho e também de conscientizar a população sobre seus direitos.


Por Heuring Felix Motta
Redação Púlpito Cristão

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