Em menos de um mês, duas igrejas foram demolidas na província de Shanxi
PEQUIM — A demolição de um imenso templo evangélico na cidade de Linfen, em Shanxi, está levantando temores de
perseguição contra cristãos na China . Em dezembro, uma igreja católica foi demolida na mesma província. Segundo a Associated Press, testemunhas e ativistas disseram que forças da Polícia Armada do Povo usaram escavadeiras e dinamite para destruir a igreja Golden Lampstand nesta quarta-feira.
Uma autoridade local do escritório de questões religiosas negou que o templo tenha sido demolido, mas fotografias distribuídas pela ONG cristã ChinaAid, baseada nos EUA, mostraram os destroços da igreja.
A congregação evangélica Golden Lampstand reúne cerca de 50 mil fiéis e tem histórico de enfrentamentos com o governo. Em 2009, centenas de policiais invadiram o templo, apreenderam bíblias e prenderam alguns de seus líderes, que foram condenados a longas penas.
Segundo estimativas do governo, existem na China cerca de 60 milhões de cristãos, muitos vinculados a pequenas congregações como a Golden Lampstand. O crescimento da popularidade de igrejas não aprovadas pelo Estado levantaram a ira de autoridades locais, que consideram esses espaços ameaças ao rígido controle político e social do Partido Comunista.
A Golden Lampstand já havia sido acusada de violar códigos de construção e acordos sobre o uso do terreno, processos comuns contra igrejas não registradas.
Um pastor de uma igreja próxima informou, sob condição de anonimato, que havia “mais policiais do que eu poderia contar” para evitar que uma multidão de curiosos e fiéis se aproximassem do local.
— Meu coração ficou triste ao ver essa demolição e agora eu temo que mais igrejas sendo demolidas, até mesmo a minha — disse ele. — Esta igreja foi construída em 2008, não havia razões para destruí-la agora.
A China garante a liberdade religiosa no papel, mas na prática as autoridades regulam muitos aspectos da vida religiosa. As igrejas devem ter aprovação oficial e os pastores devem.
seguir regras impostas pelo governo. Periodicamente, congregações não aprovadas têm seus líderes presos e templos demolidos.
Segundo o “Guardian”, a linha dura do governo se tornou mais evidente após 2013, quando o governo lançou operações contra cruzes e grandes templos. Na província de Zhejiang, por exemplo, mais de 1,2 mil cruzes foram removidas em 2015.
Um relatório sobre liberdade religiosa do Departamento de Estado americano afirma que o governo chinês “agrediu, deteve, prendeu, torturou, condenou à prisão ou ameaçou membros de grupos religiosos registrados e não registrados por atividades relacionadas às suas crenças e práticas religiosas”.
O templo da Golden Lampstand foi construído há uma década por 17 milhões de iuanes, de acordo com o pastor Yang Rongli, líder da congregação. Yang cumpriu sete anos de prisão sob acusação de “organizar uma multidão para promover distúrbios no tráfego e está sob vigilância desde que foi libertada, em outubro de 2016.
— Eu acredito que isto possa ser um novo padrão contra qualquer religião independente com um templo ou a intenção de construir um — disse Bob Fu, fundador da ONG ChinaAid. — Isso também pode ser o prelúdio da aplicação de novas regulações sobre a religião que começam a valer em fevereiro.
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