O judaísmo é uma religião ancestral com uma cultura rica, história complexa e tradições a serem seguidas. Talvez você deseje se converter ao judaísmo ou simplesmente precise se aprofundar em sua fé; seja qual for seu motivo, existem diversas formas de aprender a respeito e participar mais da cultura judaica, bem como se engajar com a comunidade. Siga os estudos judaicos e, se quiser, mergulhe de cabeça nas práticas da fé — assim, sua conexão com o judaísmo será fortalecida.
Leia os textos fundamentais do judaísmo. O primeiro texto sagrado a ser lido é o Tanach, conhecido como a Bíblia judaica. Ele é composto por três partes: o Pentateuco (Torá), os Profetas (Nevi'im) e as Escrituras (Ketuvim). Outros livros sagrados são o Mishnah, Talmud e Midrash. Procure por um professor particular ou por um grupo de estudos desses livros para guiá-lo.[1]

2
Passe pelos estudos. Para se converter ou aprofundar nas práticas judaicas, um período de estudos é o ideal para se informar, educar e aprofundar na fé. Procure a sinagoga mais próxima, pois lá é o melhor lugar para ter essas aulas.[2]
Para muitas comunidades, o curso é obrigatório antes de se converter à fé.
As aulas podem durar de 14 semanas a um ano.
Procure por um rabino e peça orientação em sua jornada.[3]

3
Aprenda sobre as denominações judaicas. Existem cinco vertentes do judaísmo e aprender sobre cada uma delas e suas tradições pode ajudá-lo a descobrir com qual você se identifica mais, além de ganhar uma compreensão melhor de cada uma:[4]
Judaísmo chassídico – os judeus que seguem a religião à risca e a incorporam em absolutamente todos os aspectos da vida, além de acreditarem e incluírem o misticismo judaico em seus ensinamentos.
Judaísmo Ortodoxo – vertente com diversas sub-denominações, sendo a mais comum a Ortodoxia Moderna. Os judeus ortodoxos seguem todas as leis e costumes da religião, mas os Judeus Ortodoxos Modernos tendem a combinar um estilo de vida e uma educação secular (matérias não ligadas à religião, como matemática, geografia, línguas etc.) a essas leis.
Conservadores – vertente mais aberta em relação aos Judeus Ortodoxos, mas ainda assim preservam os valores e tradições básicos da religião nos dia a dia.
Reformistas – judeus bem mais abertos em relação às tradições judaicas, mas as reconhecem e respeitam. Além disso, esse movimento é um grande defensor da justiça social.
Reconstrucionistas – também são mais moderados quanto à fé e seguem uma vida mais secular.

4
Comece a estudar hebraico. Conhecer o idioma, mesmo que superficialmente, o ajudará bastante a entender a fé judaica; além disso, se você se der bem com a pronúncia, sua participação nos eventos da sinagoga será mais significativa, já que compreender as palavras-chave faz toda a diferença para discernir as orações.[5]
Faça um curso de hebraico ou contrate um professor particular.
Peça conselhos a um rabino para saber as melhores técnicas de aprendizagem do idioma.

5
Leia sobre a história judaica. Aprender sobre o povo judeu é a melhor maneira de se conectar com a religião, pois o conhecimento histórico o aproximará da realidade dos judeus e, no mínimo, o deixará mais inteirado nas conversas com a comunidade.[6] Alguns livros recomendados:
“A História dos Judeus” de Simon Schama;
“ABC do Mundo Judaico” de Moacyr Scliar;
“O Livro Completo Sobre a História e o Legado dos Judeus – de Abraão ao Sionismo” de Julie Gutin e Richard D. Bank;
“A História Épica do Povo Judeu” de Lawrence Joffe;
“Breve História do Judaísmo” de Isidore Epstein.

6
Visite alguns museus judaicos. Ver a história com seus olhos, sentir a arte e a cultura judaica pode inspirá-lo a aprofundar sua conexão e empatia, além de vivenciar o judaísmo com mais intensidade.[7] Você pode visitar:
O Memorial da Imigração Judaica;
O Museu da História da Inquisição;
O Museu Judaico de São Paulo;
O Museu Judaico do Rio de Janeiro;
O Museu do Holocausto, em Curitiba, Paraná.
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Método 2 de 4:
Envolvendo-se com a cultura judaicaEditar

1
Faça o bem. O mitzvá que, entre outras coisas, significa qualquer ato de bondade humana, é um preceito fundamental da fé judaica. Procure maneiras de contribuir e fazer o bem para o próximo, como participar de trabalhos voluntários.[8] Eis algumas ideias:
Fazer e levar refeições para um vizinho idoso;
Oferecer-se para ficar com os filhos de alguém em um momento de necessidade;
Levar comida ao banco de alimentos local;
Doar dinheiro para organizações filantrópicas.

2
Alimente-se de pratos típicos judaicos. Pode não ser fácil seguir uma dieta estritamente kosher, mas você pode começar devagar e dar preferência para alimentos populares judaicos,[9] como:
Sopa de bolinho de matzá;
Pão de Challah;
Kugel;
Bolinhos de batata chamados Latke;
Sonhos recheados com geleia, chamados sufganiyot;
Rugelach, que são biscoitos recheados de chocolate, geleia, canela ou frutas secas.

3
Leia livros com temática e personagens judeus. Uma das características da literatura é possibilitar que vivamos a realidade dos outros através dos nossos olhos. Com isso em mente, leia histórias com personagens judeus ou que contenham ideias e tradições da religião.[10] Alguns exemplos são:
“É Isto um Homem?” de Primo Levi;
“Stempenyu – Um Romance Judaico” de Sholem Aleichem;
”Golem e o Gênio” de Helene Wecker;
”Herzog” de Saul Bellow;
”Maus” de Arthur Spiegelman.
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Método 3 de 4:
Participando da comunidade judaicaEditar

1
Vá à sinagoga. As sinagogas são como centros comunitários judaicos onde a população estuda, adora a D'us e celebra sua história e datas comemorativas. Você deverá encontrar uma sinagoga que faça parte da denominação escolhida, bem como o nível de prática das leis judaicas a que está disposto. Comece indo semanalmente e participe o máximo que puder; se tiver dúvidas, agende um horário com o rabino e converse com ele.[11]
O dia em que ocorre o serviço religioso é o Shabbat (sexta-feira à noite), manhã de Shabbat (manhã de sábado) e tarde de Shabbat (sábado à tarde).
Além destes dias, há os feriados judaicos, como o Yom Kippur.
Essa é a maneira mais relevante de conhecer a comunidade local e aprender mais sobre as tradições judaicas.

2
Vá a um jantar de Shabbat. O Shabbat é uma reunião tradicional que ocorre ao anoitecer da sexta-feira. Procure o rabino de sua sinagoga e diga que gostaria de participar desse jantar; sua comunidade certamente tem um jantar de Shabbat aberto ao público. Essa é uma ótima oportunidade de se conectar com a comunidade judaica e tomar parte nos costumes antigos.[12]

3
Comemore os feriados. Alguns deles são o Ano Novo Judaico (Rosh Hashanah), O Dia do Perdão (Iom Kipur), Sucót, Simchat Torá, Chanucá, Tu Bishvat, Purim, Lag Baomer, Shavuot, Tisha B'Av e Rosh Chodesh. Sempre que puder, celebre essas datas com sua comunidade.[13]

4
Aprenda frases simples em Iídiche se você é um Judeu Ashkenazi. Aprender o idioma de maneira completa dá trabalho, mas algumas frases usadas com mais frequência é uma boa ideia, ainda mais se você descende de judeus Ashkenazi. Isso permitirá que você se comunique melhor com outros membros da comunidade, além de sentir-se mais conectado ao Judaismo.[14] Eis alguns exemplos:
Kvetsh – reclamar;
Mazel Tov – boa sorte;
Oy vey – Interjeição de consternação;
Shlemiel – pessoa desastrada.
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Método 4 de 4:
Seguindo as leis do Judaísmo OrtodoxoEditar

1
Mantenha o Shabbat. A denominação mais rígida é o Judaísmo Ortodoxo e, se você está buscando uma vida de devoção religiosa, essa é sua melhor opção. Os judeus ortodoxos são chamados de Shomer Shabbat, ou os cuidadores do Shabat. Nessa data, os judeus Ortodoxos não podem trabalhar, viajar, carregar dinheiro, falar de trabalho e negócios, usar eletricidade, acender fogo, fazer ou receber telefonemas, entre outros. O Shabbat é um momento de relaxamento absoluto, que visa separar o espírito da semana de trabalho.[15]
O Shabbat começa ao anoitecer de todas as sextas-feiras e acaba quando surgem três estrelas no céu durante a noite de sábado.
Outras denominações judaicas, não-ortodoxas, também seguem a lei do Shabbat, mas em diferentes níveis.

2
Siga as leis alimentares da Cashrut. Parte significante de levar um estilo de vida ortodoxo é fazer uma dieta Kosher, que tem diversas diretrizes a serem seguidas.
Para alimentos que vêm em embalagens, é necessário procurar o símbolo hechsher. Ele costuma ser uma letra U ou K dentro de um círculo, mas existem outros símbolos.
Não coma mariscos ou outros frutos do mar que não tenham escamas ou nadadeira dorsal;
Não coma carne de porco, ou a carne de qualquer animal que não seja um ruminante com o casco fendido.
Não coma a carne com laticínios.

3
Faça a circuncisão. Se a ideia é ser parte do Judaísmo Ortodoxo, e se você é homem, será necessário fazer a circuncisão (ou brit milah). No entanto, se você já é circuncidado, terá somente que passar pelo ritual chamado hatafat dam brit, que envolve tirar uma ínfima quantidade de sangue de você simbolicamente.[16]

4
Busque a aprovação de um Tribunal Rabínico, chamado beit din. É necessária a autorização de três rabinos do Tribunal, que são as autoridades máximas para decidir se alguém está pronto ou não para a conversão. Eles analisarão seu conhecimento, suas motivações e intenções em viver uma vida dentro da fé judaica.[17]
Na maioria dos casos, é necessário colocar-se sob o jugo dos mandamentos integralmente (ou kabbalat ol ha-mitzvot).

5
Submerja-se no micvê. Assim que o Tribunal permitir sua conversão, ela será completa através de um banho ritualístico em uma espécie de piscina chamada micvê, embora sectos menos conservadores aceitem o uso do mar ou de uma piscina.[18]

6
Adote um nome judaico. Assim que for recebido na fé judaica, você deverá adotar um nome em hebraico. Além disso, alguns documentos judaicos podem pedir seu vínculo familiar com o judaísmo; nesse caso, você pode dizer que o nome de seu pai é Abraão e de sua mãe é Sarah.[19]
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Documentários