Que tempo é este que estamos vivendo?

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Que tempo é este que estamos vivendo?

Vivemos num tempo bem próximo de mudanças tremendas no planeta Terra, e nem precisamos ter uma Terceira Guerra Mundial ou sermos invadidos por alienígenas para de uma hora para outra o tapete da ordem, progresso e prosperidade ter sido puxado de sob os pés da humanidade. Bastou um inimigo microscópico para unir os povos numa guerra contra o coronavírus. Como se vivêssemos em um mundo pós Chernobyl, ninguém vê o perigo, nem cheira, nem sente, até que seja tarde demais.

Tudo o que está acontecendo é como um imenso funil que determina o ponto onde tudo que há nele irá convergir, e seja lá o que for não tem escolha: vai escoar pelas determinações que Deus impôs sobre a história da humanidade. E essas determinações têm, para o mundo, um claro propósito de salvar Israel e abençoar as nações. Mas isso só depois de termos passado por um parêntese profético que era um mistério até dos antigos profetas: a atual era da Igreja.



No passado o mundo era como um grande tabuleiro de xadrez no qual o Senhor movia as peças e as nações sempre em sua relação com Israel. Afinal, as próprias nações e seus termos tinham sido determinados por Deus em relação a Israel, aquela estreita faixa de terra que na maioria dos mapas aparece no centro do mundo, e Israel é mesmo o centro dos desígnios de Deus para o mundo.

"Lembra-te dos dias da antiguidade... quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel. Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança." (Êx 32:6-9).

Os profetas de Israel previram todo o sofrimento pelo qual esse povo passaria, mas também o futuro glorioso que estava reservado a ele como nação. Deus os espalharia entre as nações, mas depois os reuniria novamente em sua própria terra, o que acontecerá no reino milenar de Cristo após o arrebatamento da Igreja para o céu. Zacarias escreveu:

"Ah, ah! Fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, porque vos espalhei pelos quatro ventos do céu, diz o Senhor. Ah! Sião! Escapa, tu, que habitas com a filha de Babilônia. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Depois da glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho. Porque eis aí levantarei a minha mão sobre eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos Exércitos me enviou.

 Exulta, e alegra-te ó filha de Sião, porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor. E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e serão o meu povo, e habitarei no meio de ti e saberás que o Senhor dos Exércitos me enviou a ti. Então o Senhor herdará a Judá como sua porção na terra santa, e ainda escolherá a Jerusalém. Cala-te, toda a carne, diante do Senhor, porque ele se levantou da sua santa morada." (Zc 2:6-13).

Mas hoje vivemos no dia da graça e da paciência de Deus, que quer que todo homem se converta. Sinto estragar sua ilusão de um Brasil acima de tudo e Deus acima de todos, pois o que menos os homens querem de fato é estarem debaixo da vontade e controle de Deus. Não está no DNA humano ser guiado por Deus, e isso ficou muito claro no Jardim do Éden quando Eva deu ouvidos à promessa da serpente, que disse: "Sereis como Deus".

Poderia existir algo mais atraente do que ser autossuficiente e não ter de prestar contas a Deus? Não seria esta a ambição permanente da raça humana desde então, que já lutou milhares de guerras e batalhas pela supremacia? Não percebe você que até em meio a uma pandemia global os políticos ficam tentando cada um abocanhar seu quinhão, uns agarrados ao cetro para não perdê-lo, outros querendo de toda maneira tomar o trono de assalto? Assim é o ser humano, inclusive eu e você.

Você deve ter lido muito adesivo de vidro de carro para acreditar que o Brasil seja uma "nação cristã". Os norte-americanos adoram acreditar que a deles é, e não é diferente dos britânicos, que tem sua rainha como suprema líder da Igreja Anglicana. Ao contrário o projeto humano de poder, o interesse de Deus está em salvar indivíduos de todas as línguas, tribos e nações que creiam no seu Filho Jesus e recebam, também — individual e eternamente —, o perdão dos pecados.

Não precisa raciocinar muito para entender que o versículo "Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança." (Sl 33:12). O Brasil não é a nação e nem seu povo aquele cujo Deus é o Senhor. Tudo isso vale para Israel porque Deus assim o determinou. Basta ler o Antigo Testamento para ver que a nação cujo Deus era o Senhor e o povo que ele escolheu como sua própria herança contrastava com todas as nações da antiguidade com seus diferentes deuses.

Mas como Deus teria escolhido uma nação assim tão mesquinha e com tamanha história de desobediência e iniquidade? Acaso ele não sabia que aquele povo seria assim? É claro que sabia, pois não era um povo diferente dos outros povos. Por isso Paulo, ao se referir à sua ascendência israelita, diz: "Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado." (Rm 3:9).

Se tivesse sido diferente, que outra nação teria respeitado o Senhor caso tivesse sido escolhida? Nenhuma. Que outra nação teria sido tão testada para provar sua incapacidade? Nenhuma. Por isso Israel é a amostragem perfeita da raça humana e de sua incapacidade de agradar a Deus. O Senhor é Deus e é direito seu escolher quem ele quer, e mesmo que Israel tenha falhado miseravelmente, ele prometeu restaurar aquela ação e abençoar outras nações na relação que tiveram com Israel, "a menina do seu olho", e os judeus, os "pequeninos irmãos" do Senhor Jesus.

Isso é ainda futuro, e enquanto não acontece, Deus está separando do mundo e para si um povo que a Bíblia chama de "Igreja", o corpo de Cristo. A Igreja não é do mundo mas está no mundo apenas aguardando o chamado para o encontro com o Senhor nos ares. Vivemos um tempo que pode ser entendido como o parêntese profético que precede a septuagésima semana de anos da profecia de Daniel 9, quando o Senhor voltará a tratar com os judeus e o mundo.

Hoje existem cristãos em todas as nações e é sobre estes que no tempo atual o Senhor tem sua vigilância constante, pois o testemunho de Deus no mundo hoje não é Israel, mas a Igreja. E quando o Novo Testamento fala da Igreja não está falando desta ou daquela organização religiosa criada por algum homem, mas da Igreja de Deus que ele comprou com o sangue que era de sua propriedade. "a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." (At 20:28).

A Igreja de Deus não é denominada, não tem uma sede na terra, mas no céu, e nem está limitada às paredes de um templo ou uma organização religiosa da qual as pessoas se fazem membros. É o próprio Senhor que acrescenta ao seu corpo os que vão sendo salvos, portanto ela é composta de todos — escutou bem? TODOS — os que foram salvos por Cristo.

Enquanto a Igreja está neste mundo, não é prerrogativa dos membros desse corpo conquistarem espaço aqui, seja pelas armas, como tentavam os Cruzados, seja por influência política ou monetária. Que a Igreja é estrangeira no mundo próprio Senhor deixou isso claro em sua oração final antes de voltar ao Pai:

"Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus... Agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo." (Jo 17:9, 13-14).

Sim, você escutou direito Jesus dizer: "Não rogo pelo mundo". O Evangelho de João diz que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". (Jo 3:16). O Senhor ama o mundo, isto é, a humanidade, mas não roga por ela que o rejeitou e pregou numa cruz. O Evangelho, as boas novas da salvação, não é uma missão de melhoria do mundo e das pessoas, é uma missão de resgate para tirar do mundo os que pertencem a Deus.

Enquanto isso, quem continua movendo as peças desse imenso tabuleiro é o mesmo Deus que criou todas as coisas e de quem Jó disse: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado." (Jó 42:2). Como diz aquele ditado: "No fim da tudo certo, e se ainda não deu tudo certo é porque ainda não chegamos no fim". E interprete "fim" aqui como a eternidade.

Deus pode sim permitir epidemias, catástrofes e tragédias, independente na nação onde isso ocorra. E se o seu medo está numa pandemia de alcance global, saiba que o vírus mais perigoso não é o microscópico coronavírus; a maior ameaça que sempre pairou sobre a humanidade é o próprio ser humano. Ou você nunca ouviu falar de ondas de desobediência civil que costumam acompanhar grandes tragédias, com saques e mortes?

Mas se Deus permite o mal generalizado é para puxar o tapete de debaixo dos pés do orgulhoso ser humano, que pensa que vai viver na terra para sempre, e mostrar quem é que tem as rédeas firmes em suas mãos. Vale lembrar que a passagem que vou citar a seguir fala do mal e das trevas circunstanciais, e não de sua origem e essência, com as quais Deus nada tem a ver. Todos sabemos que "que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 Jo 1:5).

"Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que não me conheces. Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas." (Is 45:5-7).

Para entender melhor a particularidade dos abalos que Deus permite que venham sobre a humanidade no tempo em que vivemos neste parêntese profético, em que "veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios", antes que "todo o Israel será salvo" (Rm 11:25-26), traduzi um trecho do artigo "The Ways of God: Government, Grace, and Glory" de F. G. Patterson que fala do tempo em que vivemos:

Agora é o tempo do testemunho da cruz e ressurreição de Jesus, e da reunião dos co-herdeiros a ele, em quem temos uma herança; é o tempo em que a obra secreta de Deus está progredindo, ajustando as pedras espirituais à sua casa espiritual. É tempo da Igreja que sofre em quebrantamento e fraqueza aqui abaixo, no reino e na paciência de Jesus. Tempo de confusão e erro, quando o juízo está tão longe da justiça, como quando o único Justo ficou diante do tribunal reconhecendo que o poder que condenava o Inocente fora dado por Deus: "Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado".

É o tempo da cegueira de Israel, o povo amado, que tem o véu sobre o rosto, é o tempo da plenitude dos gentios que vão sendo reunidos. É o tempo da dominação gentílica, quando a grande estátua do livro de Daniel ainda não recebeu o golpe nos pés vindo da Pedra cortada sem ser obra de mãos. É o tempo em que toda a criação geme e sofre dores, aguardando a manifestação dos filhos e herdeiros de Deus. É o tempo em que Satanás anda livremente em derredor como um leão que ruge, buscando a quem possa devorar; cuja voz é a mesma que escutamos dos maus espíritos no Evangelho: "Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?".

Vivemos o tempo do "mistério de Deus", quando ele suporta com muita paciência o mal sem julgá-lo; quando a iniquidade está nos lugares elevados, e a bondade é pisoteada; quando a falsidade triunfa e a verdade cai nas ruas. Este é o tempo em que Jesus, rejeitado pelo mundo, permanece sentado à direita de Deus, esperando até que seus inimigos sejam feitos estrado de seus pés.

Mas se você reclama de tempos difíceis, ainda não viu nada. Minha sugestão é que, se ainda não o fez, creia agora mesmo em Jesus como seu Salvador para participar do resgate que poderá acontecer a qualquer momento quando Jesus vier, sem chegar à terra, para o encontro com os salvos entre nuvens.

"Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras." (1 Ts 4:14-18).

Tal qual o galante herói dos romances de aventura, que primeiro resgata sua donzela e a leva para um lugar seguro, para depois voltar para combater seus inimigos, Jesus fará assim com sua Noiva, a Igreja, abrigando-a no céu. À ela ele prometeu: "eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. Venho sem demora." (Ap 3:10-11).

E então tudo vai piorar antes de melhorar, pois... "haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas. E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória."

(Lc 21:25-27).

Agora pergunto: Onde está sua esperança? Neste mundo em tempos melhores? Ou em estar com Cristo eternamente no céu quando tudo mais deixar de existir?


por Mario Persona
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