Trump assina decreto que acaba com a separação de pais e filhos de imigrantes ilegais
O cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, disse que recebeu do governo americano a informação de que, até a última sexta-feira (15), havia 49 crianças brasileiras em abrigos nos Estados Unidos, depois de terem sido separadas dos pais na fronteira.
O número atualizado é bem maior que o anterior: mais cedo nesta quarta, o mesmo diplomata dispunha da informação de que oito crianças brasileiras estavam separadas de seus responsáveis após cruzarem a fronteira com o México.
Trump assina ordem para acabar com separação de famílias de imigrantes — Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP
Essas crianças do Brasil estão entre as mais de 2000 vítimas da política de “tolerância zero” aos imigrantes ilegais colocada em prática pelo governo de Donald Trump, e que foi modificada nesta quarta, quando ele decidiu que as famílias não serão mais separadas.
A política migratória americana estabelece que todo adulto que for pego atravessando a fronteira ilegalmente deve ser criminalmente processado. Se for capturado, o indivíduo é levado a um centro federal de detenção de imigrantes até que se apresente a um juiz.
A política não fala em separação das famílias, porém isso acabava ocorrendo na prática já que as crianças não podem ser mantidas nestes centros de detenção.
O cônsul Santarosa, responsável pelos estados do Texas e do Novo México, afirmou que o aumento nos casos de separação de famílias é “nítido” e que a nova política pode “aumentar esse número de forma preocupante”.
No governo de Barack Obama, só se escutava de casos, por exemplo, de adultos detidos que estariam acompanhados por crianças novas demais ou com algum problema físico, segundo Santarosa. Nesses casos específicos, o “atendimento” em prisões ficaria difícil porque elas não possuem estrutura para receber esses acompanhantes de detentos.
As autoridades brasileiras nos Estados Unidos observaram outra diferença: as crianças separadas de suas famílias são de diferentes faixas etárias e, muitas vezes, estão sendo mandadas para estados distantes de seus familiares.
Santarosa afirma que existe um abrigo em Kerens, no Texas, que ainda funciona à forma antiga, como no governo Obama, sem separar famílias. Mais de 20 brasileiras estão nesse abrigo com os seus filhos e estão angustiadas com a possibilidade de se separar a qualquer momento das crianças em função da nova política migratória.
Como funcionava antes da nova política?
Antes da nova política, as famílias que chegavam à fronteira sem autorização e alegavam medo de voltar para a casa eram autorizadas a entrar e pedir refúgio no território americano.
Durante o processo de solicitação de refúgio o imigrante podia ou não ser detido, dependendo de uma série de fatores, inclusive a disponibilidade de vaga nos centros de detenção. Também eram realizadas audiências na fronteira, e a família toda poderia ser deportada.
O que acontece com as crianças?
Ao serem separadas de seus pais, as crianças são designadas pelo governo como “crianças imigrantes desacompanhadas” e, por isso, são levadas para abrigos sob custódia do governo, sem saber para onde seus pais foram. Imagens mostram crianças dentro de grades, dormindo em colchões no chão com cobertores de alumínio.
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