A Rospotrebnadzor – agência russa responsável pelo controle sanitário – e a Universidade Federal do Extremo Oriente (UFEO) anunciaram a abertura do Centro Internacional de Tecnologias Moleculares (CITM) na cidade de Vladivostok.
A principal tarefa do CITM será monitorar as ameaças biológicas provenientes de países da Ásia Oriental: China, Coreias e Japão. Além dos projetos de pesquisa, o centro treinará virologistas, bacteriologistas e especialistas em doenças infecciosas.
O portal Lenta.ru entrevistou Mikhail Schelkanov, professor da Escola Biomédica da UFEO, chefe do laboratório de virologia da Academia de Ciências e doutor em biologia, para esclarecer se a Rússia realmente precisa se defender de bioterrorismo.
"...e pestes...” Mateus 24:7
"Eu não quero assustar ninguém, mas as discussões sobre bioterrorismo são atuais. Qualquer agente infeccioso, se usado adequadamente, pode se tornar uma arma biológica. Felizmente, não há muitos especialistas qualificados o suficiente no mundo para produzir e usar de modo efetivo essas armas", explica o biólogo.
Schelkanov ressalta que todos os especialistas de alto nível se conhecem, então é quase impossível produzir uma arma desse tipo e espalhá-la anonimamente.
"O principal lema dos virologistas é 'se você quer paz, prepare-se para a guerra'. A demonstração de que um país realmente possui tecnologias modernas e é altamente competente é a melhor prevenção contra atos de bioterrorismo", afirma o cientista.
Ele acrescenta que teoricamente é possível projetar um novo vírus, mas, no caso de projetar um ataque, seria mais fácil e mais eficaz selecionar cepas do vírus com as propriedades desejadas ou encontrar vírus raros no ambiente natural.
Um dos modos mais comuns de penetração de um vírus em um país é obviamente o turismo. Assim, nas últimas décadas, os russos visitam cada vez mais países estrangeiros, particularmente lugares exóticos, e trazem doenças para casa.
No entanto, a Rússia tem um dos melhores sistemas de biossegurança do mundo, herdado da era soviética. Todos os anos, há entre 100 e 300 casos de doenças importadas, especialmente da Ásia. Todas são detectadas rapidamente, diagnosticadas corretamente e localizadas operacionalmente até atingir a escala de surtos epidêmicos.
"Essas são manobras permanentes para repelir o bioterrorismo", explica ele.
Mas isso não se limita a vírus humanos – plantas e abelhas são as que mais sofrem com epidemias. Obviamente, essas doenças não são transmitidas para os seres humanos, mas prejudicam a agricultura e a economia mundial de modo importante.
A partir desse ponto de vista, o Extremo Oriente é uma região especial, muito singular e concreta em termos de agentes causadores de doenças virais e seus vetores. Schelkanov argumenta que desistir de estudar esses agentes significa destruir o sistema de segurança biológica da Rússia.
Fonte: Sputnik
https://br.sputniknews.com/ciencia_tecnologia/2018062511558229-armas-biologicas-prevencao-virus-russia/
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