Neste último sábado eu observei mais um corredor atingindo uma meta impressionante. Não foi outra maratona, como descrevi na semana passada, mas a maratona da vida. Juntamente com todos os familiares e muitos amigos, fomos até São Paulo celebrar os 90 anos de meu pai. Hoje em dia, chegar aos noventa anos de idade ainda lúcido não chega a ser tão raro como era no passado. No entanto, chegar tendo corrido com Jesus, fato testemunhado por todos os presentes na festa, é algo a ser notado. Com isso, não quero dizer que meu pai não teve falhas ou não cometeu erros. É claro que teve sua cota de desvios e limitações espirituais, mas sua vida é marcada por uma contínua corrida com Jesus.
Correr com Jesus é um prazer, mas é também um desafio. Desafio pois não só o mundo ao nosso redor e nosso adversário Satanás buscam nos desviar, mas nosso próprio coração se volta repetidamente para estratégias de realização que contrariam os propósitos de Deus para nós. O próprio apóstolo Paulo nos alerta: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos” (Gálatas 6.9). Ou seja: correr com Jesus cansa, mas somos chamados a não nos cansarmos, a não desanimar.
Então, surge a questão: o que pode nos manter motivados? Podemos (está ao nosso alcance) manter nossa animação? A passagem parece indicar que sim. No artigo da semana passada comentei sobre livrar-se de “entulho”, ou seja, tudo o que nos atrapalha a correr, mesmo que não seja o pecado. O pecado deliberado certamente atrapalha a corrida. É mais do que um desvio, é correr na direção oposta. Sinceramente, não imagino viver até os 90 anos, mas espero correr com Jesus o tempo que Deus me conceder. Para tanto, quero retomar a passagem-base de nosso último artigo, Hebreus 12.1-3, para examinarmos mais alguns segredos para corrermos com Jesus:
1Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, 2tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. 3Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem desanimem.
No verso 2, o autor de Hebreus apresenta uma nova exortação: “tendo os olhos fitos em Jesus...”. Um dos fatores mais fundamentais em termos de motivação é correr em direção a um alvo. Correr sem um alvo, sem um propósito logo se torna cansativo. Quando o autor nos exorta a deixarmos nossos olhos fitos em Jesus é porque existem muitas outras coisas que podem nos distrair. Ele na verdade nos chama a examinar a Cristo como um jovem apaixonado examina sua amada. Ele nos chama a desenvolver uma relação de amor e adoração com o único que gerou e pode alimentar nossa fé.
O autor de Hebreus nos chama a examinar a Cristo como um jovem apaixonado examina sua amada. Ele nos chama a desenvolver uma relação de amor e adoração com o único que gerou e pode alimentar nossa fé.
Jesus suportou todo o sofrimento da morte na cruz e considerou a vergonha à qual foi submetido como algo sem importância devido à alegria que lhe estava reservada. A alegria reservada era a comunhão que ele terá com cada um de nós. Na verdade, ele suportou tudo isso para a glória do Pai em cumprir o plano divino de chamar para si um povo que inclui você e eu. Nós somos a alegria que o levou a suportar a dor e a desprezar a vergonha.
Este raciocínio é confirmado pelo verso 3, onde o autor nos chama a pensar bem em Jesus e na oposição que ele enfrentou daqueles por quem morreu. O que está por trás desta atitude é o amor sacrificial de nosso Senhor. O termo “pensem bem” significa considerar, analisar, fazer do amor objeto de nossa reflexão. A motivação mais eficaz para corrermos com Jesus não é obediência, muito embora esta seja fundamental, nem sequer santidade, também essencial; a razão para não cansarmos ou desanimarmos, segundo o autor de Hebreus, é nossa reflexão e consequente adoração de nosso Senhor Jesus.
Não sei como está sua vida devocional. Talvez você esteja convencido de que Jesus é Deus e até mesmo de que ele morreu e ressuscitou pelos seus pecados. Esta verdade, muito embora seja a base de nossa fé, não é o que vai motivar você a correr por 60, 70 ou 90 anos com Jesus. Pois a Palavra é clara de que mesmo os demônios acreditam na verdade, mas não se entregam à mesma. O que pode nos manter na corrida, correndo com nosso máximo esforço, levantando cada vez que cairmos, nos fazendo correr em meio às lágrimas e dúvidas, é nossa tenção, devoção e concentração em quem Jesus é o que ele fez por mim e por você.
Minha sincera oração é que tanto você como eu mantenhamos diante de nossos olhos a obra de Cristo. Que nossa reflexão seja “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento” (Efésios 3.18b-19a).Daniel Lima
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